GLÓRIA MARIA LUCAS  COSTA
( BRASIL - RIO DE JANEIRO )

       Carioca.
Técnica em Química (E. T. F. Q. - RJ). Estudante de
Medicina (UFF-RJ). Professora particular de Inglês, e ex-professora do CCAA, fez teatro amador, participou de coral amador, e foi editora de um jornal amador (coral e jornal da E. T. F. Q. - RJ), mas escrever é o eterno e intocável.
É o segundo trabalho editado publicamente, e através da
Shogun Editora e Arte.

NOVA POESIA BRASILEIRA.  Capa: Christina Oiticica.  Rio de Janeiro: Shogun Editora e  Arte Ltda, 1986.  124 p.  No. 10 856
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda

                           SAZONAL

E quando as quatro paredes do quarto nos espremem no escuro da
noite:
E que a cama não passa de desculpa para a posição?
E quando a ânsia é tanta, que realmente sentimos os sonhos?
E quando a cabeça fica enorme e os travesseiros parecem pedras?
E quando as colchas não chegam para acalentar a forçada frieza?
E quando a porta do armário é uma tela real de ilusões?
E quando a lágrima corre nos momentos imprevisíveis?
E quando queremos chorar, mas para isto não bastam lamentos?
E quando queremos nos encorajar e falta história para nos basear?
E quando por vezes olhamos o espelho e novamente achamos que
é hora de recomeçar?
E quando amizades não bastam para experiência nos incutir?
E quando a vaidade não chega para ante a sociedade nos assistir?
E quando estamos quase, e o medo nos faz desistir?
E quando queremos ciúmes se não há quem os exigir?
E quando a solidão abate e não há posição para a banir?
E quando o peito quer estourar de não sabemos o quê, mas
queremos seguir?
E quando o vento bate e confunde-se com a pele?
E quando alguém chega e não sabemos para onde olhar?
E quando um qualquer não serve, mas a vontade nos faz fraquejar?
E quando à beira da morte, resolvemos nos dar?
E se quando o fim chegar, não tivermos o quê contar?
E se quando formos dormir o peso do nada nos matar?

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Página publicada em julho de 2025.